quarta-feira, 25 de julho de 2012

10 passos de fé para uma NOVA SEMANA

Iniciar a semana, para muitos, é o fim. Contas, compromissos, consultas médicas, encontros indesejáveis. Cada situação complicada que é lembrada. Apesar dos inúmeros “pesares”, não custa nada, aqui, enumerarmos alguns passos de fé que, se forem dados, inevitavelmente, levarão-nos a uma semana abençoada e edificante. E por que não dizermos a uma semana radicalmente diferente de todas as que já vivenciamos até aqui? 1º passo: Vamos nos aproximar mais da presença do Pai. É preciso diminuir toda distância que hoje exista entre nós e o Senhor, por menor ou insignificante que seja essa distância. Aqui, a relação Pai e filhos espirituais deve ser sempre buscada por cada um de nós. 2º passo: Vamos nos dedicar mais a intensos momentos de oração. Orar é o melhor remédio a fim de que o coração não se turbe. Orar é o melhor acompanhamento se a fase é boa e tudo está dando certo. Não importa o momento, temos que orar sempre. 3º passo: Vamos nos debruçar mais sobre a Palavra do Senhor. A leitura e a meditação das Sagradas Escrituras têm que ser uma marca diária em nossas vidas. A visão muda, os pensamentos se tornam nobres e as atitudes passam a ser mais e mais parecidas com as do Mestre, em que cremos e ao qual temos seguido. 4º passo: Vamos, ao menos uma vez no decorrer dessa semana, à casa do Pai. As tensões da modernidade e as várias agitações da vida atual nunca poderão ser empecilhos em nossa ida à casa do Senhor, para o louvor e a adoração. Cada ida à casa do Senhor, durante a semana, constitui-se em uma experiência rica e ímpar para o nosso crescimento e amadurecimento espiritual. 5º passo: Vamos cultivar um espírito de gratidão, reconhecendo que tudo o que temos e o que não temos e tudo o que somos ou não somos depende única e exclusivamente da vontade soberana do Senhor. O nosso Deus, o Supremo Pastor, nunca deixa de nos dar o melhor e o que, de fato, precisamos na continuidade de nossas vidas aqui nesta terra. A gratidão deve ser uma realidade em nossas vidas, como uma de nossas grandes virtudes. Talvez alguém já se cansou, visualizando esse primeiros cinco passos como um conjunto difícil, beirando o impossível, de ser concretizado. Mas nada de desânimo. Vamos em frente. 6º passo: Vamos amar mais, pois o maior de todos os dons nos faz superar obstáculos. O mundo de hoje anda tão feroz e raivoso. Cada vez mais tornam-se raros os casos onde alguém, em nome do amor, anula o desejo da prática de um ato cruel e desumano. O amor é a nossa grande marca, o diferencial na vida dos que se declaram servos do Deus que é amor. 7º passo: Vamos perdoar e se for o caso buscar o perdão de alguém que, porventura, um dia ferimos. Perdoar, em termos humanos, é um dos maiores desafios que temos nesta vida. No entanto, quando olhamos para o maior de todos os perdões, o sacrifício perfeito de Cristo em nosso lugar, passamos a entender que perdoar não é opção, mas sim lição que é praticada, quando aprendemos essa verdade aos pés do Deus que se encarnou por nós para nos dar o perdão que tanto necessitávamos. 8º passo: Vamos anunciar a todos que pudermos a respeito de nossa fé em Cristo Jesus. Que essa semana seja de cumprimento fiel ao Ide proposto pelo Senhor Jesus. Que sejam os nossos próximos dias marcados por evangelização e discipulado como estilo de vida. 9º passo: Vamos dar uma maior e mais significante atenção à nossa família. Esse grande projeto de Deus tem sido bombardeado de todos os lados. Não sejamos os responsáveis por mais um ataque a essa instituição, quando negligenciamos valor, respeito e amor aos nossos familiares. 10º passo: Vamos reafirmar o nosso compromisso de dedicação ao Reino de Deus e à sua justiça. Não podemos esfriar em nosso compromisso um dia firmado para com o Senhor. Todos os dias precisamos reacender a chama de nossa dedicação ao Senhor de nossas vidas. Ele sempre merece o nosso melhor, em tudo o que temos e o que somos. Sabedores de que sem fé é impossível agradar ao nosso Deus, sigamos dando o melhor, por meio desses passos que nos conduzirão a uma semana especial e cheia de vigor. Mais do que em nossas mãos, temos diante dos pés tudo para fazermos dessa a melhor semana até aqui de nossas vidas.

quinta-feira, 3 de março de 2011


Vida plena e meio ambiente: um chamado à defesa da criação

Os desafios relacionados à preservação do meio ambiente foram abraçados pelos batistas brasileiros em sua 91ª assembléia, realizada de 21 a 25 de janeiro na cidade de Niterói. Na ocasião foi formulada a Carta de Niterói, instrumento pelo qual os batistas brasileiros desejam expor à sociedade a posição que têm em favor do planeta. Esse é um avanço no meio cristão evangélico, pois a defesa da criação deve sempre constar na lista de prioridades da Igreja do Senhor.
Foi-se o tempo em que assuntos como poluição, desmatamento e extinção de espécies animais e vegetais eram tratados como algo distante e alheio à realidade dos arraiais evangélicos. Por pensar assim é que nos reduzimos, em muitos momentos, a guetos espiritualistas, discriminatórios e alienados a tudo aquilo que, querendo ou não, nos cerca como realidade nua e crua.
Chegou a vez de encamparmos ações concretas em favor da vida e do planeta. E esse tipo de diálogo e interação com o mundo que nos cerca e no qual estamos facilitará a condução da mensagem do Evangelho. Evangelho este que, na sua totalidade, objetiva alcançar o ser humano por completo, sua alma, seu corpo, o ambiente, a comunidade e a realidade onde está.
Não é possível mais fechar os olhos à degradação que tão assombrosamente vem aumentado em todos os cantos do planeta. Um rápido olhar mesmo a curta distância tem revelado a toda a humanidade que nem tudo vai bem.
Os desastres naturais nas manchetes dos últimos noticiários servem como impulso para que o homem não viva mais fingindo que nada de mal vem acontecendo. Por onde quer que andarmos veremos a situação preocupante que o futuro nos reserva, caso ações urgentes em favor do meio ambiente não sejam concretizadas. O que temos visto e ouvido nos dão conta que as coisas só têm piorado. Por isso a urgência na mudança de muitos comportamentos
A criação tem gemido e aguardado com muita expectativa a nossa inserção em seu meio, na qualidade de sal, luz e fermento, figuras usadas por Cristo para um desafio radical de como deva ser a nossa influência e testemunho nas atividades do dia-a-dia.
A preservação do meio ambiente tem ligação direta com respeito ao nosso papel como mordomos da criação. Portadores da revelação de Deus que aponta para esse fim, não há como fugir dessa incumbência. A Palavra nos ensina com riquezas de detalhes como deve ser a nossa relação com o Criador e a criação. É por meio da Bíblia também que somos desafiados à obediência para a qual somos chamados nesse sentido.
É necessário enxergar nos detalhes mais simples da vida a beleza da criação do Senhor. Convém criar oportunidade pelas quais, no contato com a criação, venhamos a adorar o Criador. Somos mordomos do Senhor na terra em que vivemos. Somos parte dela, responsáveis por ela e dela dependentes em quase tudo o que somos e fazemos.
A natureza foi confiada ao homem, pois Deus sabia que este teria de Sua parte a plena capacitação para tal missão. Os planos de Deus são executados com relação à sua criação, a não ser que o mordomo deixe de labutar no cumprimento de sua nobre missão. E é isso que ultimamente tem ocorrido. Por deixar a sua incumbência original no trato com o planeta, o homem deixou de preservar o meio em que vive, passando a depredar aquilo que o Senhor criou com tanto amor.
Em troca de valores irrisórios o homem moderno tem jogado fora o seu futuro. E mais que isso, o futuro dos seus filhos e das futuras gerações também. É nesse sentido que a rebeldia e a negligência do homem, com relação àquilo que deveria ser o seu trato com a criação, se constituem nas marcas visíveis quando pensamos em temas como meio ambiente, natureza e ecologia. Por todos os cantos o que se vê com maior freqüência é a ação maléfica do homem na agressão ao meio ambiente.
Um preço alto já tem sido pago, devido ao fato de hoje não intervirmos como peso contra em relação a tudo aquilo que tem sido destrutível à natureza. Pelo fato de portarmos a verdade da Palavra, somos, ainda para esta geração, os agentes transformadores.
Essa corrida em favor da vida e do meio ambiente precisa ser uma realidade em nosso meio. Esse é um esforço que jamais deve ficar somente nas mãos de ONG’s e de outros movimentos seculares, os quais, diga-se de passagem têm feito belas ações em favor da vida. Nossa voz e principalmente nossas ações têm que ser ecoados aos quatro cantos do mundo, manifestando dessa forma a glória de Deus e a nossa responsabilidade como Igreja.
Como povo de Deus temos um grande potencial por meio do qual podemos embalar ações de fé em defesa do planeta. Se nos calarmos, se nos escondermos, as pedras farão a sua parte, elas hão de clamar. Mais uma vez a natureza terá nos ensinado como deveríamos nos portar.
Ao não buscarmos a consciência de que precisamos preservar investimos contra a nossa própria destruição. Assim é que a defesa do meio ambiente deve ser uma anotação de destaque na agenda da Igreja. A nossa fé deve nos impulsionar à luta pelo equilíbrio de tudo aquilo que diz respeito à criação. Essa corrida em favor da vida e do meio ambiente precisa ser urgente em nosso meio.
Ainda é pouco, mas já tem sido um bom começo o envolvimento de alguns segmentos evangélicos na luta pela vida. As boas perspectivas e as oportunidades que nos chegam às mãos mostram que vale a pena promovermos mudanças quando o assunto é a defesa do meio ambiente.
Maiores detalhes sobre a ênfase dos batistas brasileiros no ano de 2011 podem ser encontrados no blog vidaplenaemeioambiente.wordpress.com, canal criado exclusivamente para divulgar e promover ações em favor do meio ambiente. Tudo isso com o intuito de levantar a bandeira em favor da vida e de conscientizar todo o povo evangélico na defesa da criação.

Kleber Gomes

sexta-feira, 11 de fevereiro de 2011

Na mesma canoa


Depois de 500 anos do Descobrimento, índios, negros e brancos que moldaram o caráter nacional estão em busca das mesmas reivindicações: educação, saúde e trabalho.

Yube completou 32 anos no último domingo, mas não recebeu os parabéns de nenhum parente ou amigo nem viu a festa que todo ano eles costumam preparar. Depois de 16 dias viajando de avião, barco, ônibus e até a pé, o índio kaxinawa, que saiu de sua aldeia no Acre, chegou a Porto Seguro, no litoral sul da Bahia. O presente de aniversário foi um mergulho no mar, imensidão que ele nunca tinha visto antes, no mesmo lugar onde Pedro Álvares Cabral desembarcou há 500 anos e abriu caminho para o genocídio de seus antepassados. Acostumado às águas mansas do rio Itarauacá, talvez a descoberta do mar tenha sido o único momento feliz durante sua estada de uma semana na costa do Descobrimento. “Não andei tudo isso para festejar, muito pelo contrário.” Ele e outros 2.600 índios marcharam de todos os cantos do País durante dias para chegar até a área indígena de Coroa Vermelha, a 20 quilômetros de Porto Seguro, e promover, de 18 a 22 de abril, a Conferência Indígena 2000. Reunidos para discutir o futuro do índio brasileiro, roubaram a cena das comemorações oficiais da data histórica, que eles não ousam chamar de Descobrimento, mas sim de invasão. Yube, particularmente, não tem do que reclamar – sua aldeia tem as terras demarcadas, escola e uma equipe de seis médicos. Mas acredita que a causa indígena é uma só: “Eles precisam saber que nós ainda existimos.”
“Eles” são os brancos, os não-índios invasores, que hoje formam uma nação de cidadãos tão descontentes quanto a nação indígena e fazem aos governos as mesmas reivindicações: saúde, educação, trabalho e participação política. O discurso do cacique João Tsidzapi, 39 anos, da tribo xavante do Mato Grosso, é idêntico ao de qualquer brasileiro indignado: “Os políticos passam por lá de vez em quando fazendo promessas, pedindo votos, e depois que se elegem nunca mais aparecem.” Quinhentos anos depois da chegada dos portugueses, índios, brancos e negros brasileiros falam a mesma língua e têm sonhos iguais. Não querem mais do que o necessário para a sobrevivência. Na mesma canoa, estão a ver navios.
Calça jeans e som – Nus, descalços e pintados da cabeça aos pés. A figura do índio que ficou no imaginário popular brasileiro quase já não existe. O índio do ano 2000 tem faces contraditórias: dirige automóvel, usa calça jeans e tênis e carrega um celular na cintura, mas não abandona suas tradições, a muito custo preservadas durante milênios por seus antepassados. É comum ouvir entre eles o argumento de que “é preciso tirar só o que é bom do branco”. A antropóloga Lúcia Helena Rangel, da PUC de São Paulo, não vê nada de errado nisso. “O que eles querem é o que todo mundo quer”, diz. “Além das necessidades básicas de todo indivíduo, desejam também as coisas interessantes da civilização branca, como panela de alumínio, isqueiros, óculos escuros, aparelhos de som.” Lúcia acha legítimo que os índios reivindiquem espaços para viver nas cidades. “Nós brancos queremos ver o índio pelado, de cocar. Ficamos reparando se ele está de calça jeans e não enxergamos que a cultura deles foi minada pelo nosso sistema, embora ainda resista de forma heróica. Eles são muito diferentes do que eram e a gente não entende isso.”
A religião, há muito tempo, é a mesma que a do resto do País. A imensa maioria dos 215 grupos contatados aprendeu ensinamentos católicos. Isabel do Espírito Santo, ou Inhambé Pataxó, tem 86 anos e é tão religiosa que chegou a construir uma capela em frente à casinha onde mora, em Coroa Vermelha. Padre Cícero e Nossa Senhora de Aparecida têm lugares privilegiados no altar e São Sebastião está em todas as paredes. “Rezo todos os dias. Às vezes me roubam o Santo Antônio para fazer promessa de casamento.” O sincretismo é latente. A cada duas frases que fala, dona Isabel cita Tupã, o deus dos índios. “Se Tupã quiser, nada de ruim vai acontecer a minha gente. O importante é ter um dinheirinho.” Ela vive do artesanato vendido pelos filhos e netos na aldeia de Coroa Vermelha, ponto turístico do sul da Bahia, e o dinheiro é fundamental para que não falte comida nem roupas à velha pataxó. Vaidosa, faz questão de combinar os vestidos com os sapatos, coisa que seus ancestrais nem sequer sabiam que existia.
Universidade – Os tempos mudaram. Hoje, a tentativa de integração e formação de índios cidadãos começa pelo anseio de estudar que a imensa maioria alimenta. E estudar, para eles, tem exatamente o mesmo significado que para os brancos: primeiro e segundo graus e, se Tupã ajudar e o governo fizer a sua parte, cursar uma faculdade. “A gente precisa aprender o que eles sabem para poder entender o que eles dizem”, resume Maura Rosa Ttitiã, pataxó hã-hã-hãe de 50 anos que, na adolescência, chegou a trabalhar em regime de semi-escravidão. “Uma funcionária da Funai me convenceu que eu ia perder minhas terras e deveria ir morar com ela. Trabalhava como doméstica em troca de comida e uns trapos de roupas”, conta. “Se eu soubesse o que se passava a minha volta, teria como me defender.”
Há quem diga que os índios ainda hoje preservam certa ingenuidade, assim como os tupiniquins, que ocupavam a costa quando as naus e caravelas portuguesas chegaram e foram “aliciados” com bugigangas trazidas de além-mar. Hoje, as bugigangas são mais sofisticadas do que os espelhos daquele tempo – jatinhos, barcos, celulares – e os aliciadores são outros. Não raro índios negociam com madeireiras, mineradoras e até mesmo com o próprio governo. “Até a Funai tenta cooptar lideranças indígenas. E consegue, porque é um povo pobre”, diz dom Tomás Balduíno, da Pastoral da Terra e um dos fundadores do Conselho Indigenista Missionário (Cimi), ligado à CNBB. “Mas isso tudo é resultado da força política que eles estão criando. Se não fosse assim, não haveria por que cooptar”, analisa. Além da força política, cresce também a representatividade.
Se antes da chegada de Cabral por aqui eles eram tão numerosos quanto hostis uns aos outros, 500 anos depois eles são poucos, porém unidos. O movimento indígena brasileiro, que surgiu nos anos 60 e tomou força na década de 70, é formado por cerca de 500 organizações em todas as regiões do País e sonha fundar um partido. Embora possa parecer visionária, a idéia não é utópica: o Brasil tem dois prefeitos, três vice-prefeitos e 29 vereadores índios. As reuniões não deixam nada a desejar às de um partido de fato ou, melhor ainda, uma legenda de oposição. Longas discussões, apartes, questões de ordem e consultas à base – os índios que vivem nas aldeias – fazem parte das assembléias. No Acre, lideranças femininas fundaram uma organização, mantida por uma ONG alemã, que cuida exclusivamente dos direitos das índias mulheres. Assim como entre negros e brancos, os índios também podem ser machistas. “Sempre estivemos ao lado dos homens na hora da luta, mas nosso esforço não era reconhecido”, diz Letícia Yawanawa, 31 anos. “A mulher também tem que acompanhar e indicar as lideranças.” Segundo ela, a mentalidade dos índios em relação à participação feminina está mudando, prova de que a cultura desses povos não parou no tempo.
Canteiro de obras – Às lideranças indígenas sobra disposição, e não há como negar que eles tiraram o fôlego das dispendiosas comemorações oficiais dos 500 anos. A polícia militar baiana subestimou o poder de mobilização dos índios e, no dia 5 de abril, destruiu um monumento-símbolo da resistência indígena que os pataxós ainda construíam em Coroa Vermelha. O episódio repercutiu e causou constrangimento ao presidente da Fundação Nacional do Índio (Funai), Carlos Frederico Marés. “Nem se o presidente da República pedisse desculpas públicas aos pataxós iria conseguir se redimir”, disse ele. O ministro dos Esportes e Turismo, Rafael Greca, que fez da região de Coroa um verdadeiro canteiro de obras para transformar o local a tempo de comemorar os 500 anos, agora é acusado de ser o mandante da destruição. Marés chegou a sugerir que Greca deixasse o governo (leia entrevista à pág. 54). Fernando Henrique até há pouco tempo cogitava a hipótese de transferir a sede do governo para a região durante a semana do Descobrimento, mas nunca mais tocou no assunto.
Entre as trapalhadas cometidas pelo governo em tempos de “comemorações brancas”, maneira como índios e negros se referem ao episódio da chegada dos portugueses, está a retirada da cruz de madeira que há 30 anos marcava o local onde foi realizada a primeira missa em solo tupiniquim, nas terras que hoje pertencem aos pataxós. No lugar, está fincada uma cruz de aço inox, idealizada pelo artista plástico baiano Mário Cravo por encomenda de Greca. Para os índios, a retirada serviu para reafirmar a dominação do homem branco sobre os povos indígenas. “Assim como o Sol e a Lua continuam no mesmo lugar, para nós nada mudou depois que eles vieram. Depois de tudo o que passamos, conquistamos direitos e as autoridades não podem invadir nossas terras e fazer o que querem”, queixa-se Davi Yanomâmi, um dos líderes mais importantes do País, ganhador do prêmio da ONU Global 500. “Nosso futuro depende da nossa luta. Se a gente não fizer, ninguém fará por nós.” Na Amazônia, Américo Cruz Arena, um índio globalizado que perambula comercializando peixes entre Brasil e Peru e fala um portunhol misturado com seu dialeto indígena, luta sozinho pela demarcação das terras de seu povo Kurubu. Escreve cartas para ONGs internacionais e quase sempre recebe resposta. Na última semana, Américo enxergou uma luz no fim do túnel: “Fomos recebidos pelo presidente e isso é muito bom. Temos que aproveitar isso.”
Encarada pelo senso comum como uma minoria étnica em extinção, ao contrário do que se previa, a população indígena brasileira está crescendo, em números e em grau de participação política. Nos 500 anos do Brasil, os índios mostraram que querem ser cidadãos como os brancos, negros ou qualquer outra raça. A aldeia agora é global. Eles não querem desaparecer nem virar peça de museu.

Matéria veiculada pela Revista Istoé edição 1595 (26 de abril de 2000)

sábado, 15 de janeiro de 2011

Por que trabalhar COM/PELAS crianças?


A Palavra do Senhor traz respostas para a pergunta acima. Respostas essas que nos mostram a seguinte verdade: negligenciarmos, como igreja, o papel que o Senhor nos deu com relação às crianças é pecado e desobediência. Vejamos os “porquês” disso:

1) Jesus ordenou-nos o papel que temos com relação às crianças: “Deixai vir a mim as crianças, e não as impeçais, porque de tais é o reino de Deus.” (Mc 10.14). “E qualquer que receber em meu nome uma criança tal como esta, a mim me recebe. Mas qualquer que fizer tropeçar um destes pequeninos que crêem em mim, melhor lhe fora que se lhe pendurasse ao pescoço uma pedra de moinho, e se submergisse na profundeza do mar.” (Mt 18.5,6).
2) As crianças são do Senhor, cabendo a nós, como igreja, fazermos a entrega delas a Ele. “Por isso eu também o entreguei ao Senhor; por todos os dias que viver, ao Senhor está entregue.” (1Sm 1.28). Por meio do ensino bíblico e da apresentação da Verdade é que entregamos os nossos meninos e meninas na presença do Senhor.
3) Temos grande responsabilidade por aquilo que nossas crianças serão no futuro: “E o menino Samuel ia crescendo em estatura e em graça diante do Senhor, como também diante dos homens.” (1Sm 2.26). “E crescia Jesus em sabedoria, em estatura e em graça diante de Deus e dos homens.” (Lc 2.52). “Tu, porém, permanece naquilo que aprendeste, e de que foste inteirado, sabendo de quem o tens aprendido, e que desde a infância sabes as sagradas letras, que podem fazer-te sábio para a salvação, pela fé que há em Cristo Jesus.” (2Tm 3.14,15). Por meio do ensino bíblico encaminhamos para o bem as nossas crianças.
4) Apesar da simplicidade e ingenuidade, as crianças sempre nos ensinarão algo. Como nos mostram as palavras do Mestre: “E disse: Em verdade vos digo que se não vos converterdes e não vos fizerdes como crianças, de modo algum entrareis no reino dos céus. Portanto, quem se tornar humilde como esta criança, esse é o maior no reino dos céus.” (Mt 18.3,4). Ninguém melhor do que uma criança para nos ensinar como de fato é a humildade. Exemplo maior, somente o de Jesus.
5) Para que nossas crianças, de fato, desenvolvam sua inteligência e assim possam responder e agir de forma sábia diante de toda e qualquer situação. “E todos os que o ouviam se admiravam da sua inteligência e das suas respostas.” (Lc 2.47). O que temos passado de experiência e de maturidade para as crianças que se encontram aos “nossos pés”?
6) Como igreja do Senhor temos o papel abençoador na vida de nossas crianças. Jesus nos abriu o caminho nesse sentido, dando o exemplo: “E, tomando-as nos seus braços, as abençoou, pondo as mãos sobre elas.” (Mc 10.16).
7) Por natureza as crianças são muito curiosas. Devemos estar atentos a isso e explorar de forma saudável essa característica através da exposição das Sagradas Escrituras: “Quando teu filho te perguntar no futuro, dizendo: Que significam os testemunhos, estatutos e preceitos que o Senhor nosso Deus vos ordenou?” (Dt 6.20). “E as ensinarás a teus filhos, e delas falarás sentado em tua casa e andando pelo caminho, ao deitar-te e ao levantar-te.” (Dt 6.7). “Para que temas ao Senhor teu Deus, e guardes todos os seus estatutos e mandamentos, que eu te ordeno, tu, e teu filho, e o filho de teu filho, todos os dias da tua vida, e para que se prolonguem os teus dias.” (Dt 6.2).
8) Ver a criança no caminho da obediência traz alegria ao nosso coração: “Filho meu, se o teu coração for sábio, alegrar-se-á o meu coração, sim, o meu próprio; e exultará o meu coração, quando os teus lábios falarem coisas retas.” (Pv 23.15,16). Podemos agora entender por que muitos adultos vivem tristes e frustrados na atualidade?
9) Para sanar a dúvida que muitos de nós, adultos, temos a respeito de o que passar às crianças. “Que te direi, filho meu? E que te direi, ó filho do meu ventre? E que te direi, ó filho dos meus votos?” (Pv 31.2). Vivemos a era das informações, das ideologias e das várias “verdades”. Apesar de tudo isso, o melhor ensinamento que temos a passar para nossas crianças continua sendo o ensinamento a respeito do Senhor.
10) Nossa geração tem um enorme compromisso com as futuras gerações, o de fazer com que ninguém fique sem conhecer a respeito de Deus, de Sua Pessoa e de Suas obras: “Cantaremos às gerações vindouras os louvores do Senhor, assim como a sua força e as maravilhas que tem feito... ordenou a nossos pais que as ensinassem a seus filhos; para que soubesse a geração vindoura, os filhos que houvesse de nascer, os quais se levantassem e as contassem a seus filhos, a fim de que pusessem em Deus a sua esperança, e não se esquecessem das obras de Deus, mas guardassem os seus mandamentos...” (Sl 78.4-7). “Escreva-se isto para a geração futura, para que um povo que está por vir louve ao Senhor” (Sl 102.18). “Os filhos dos teus servos habitarão seguros, e a sua descendência ficará firmada diante de ti” (Sl 102.28).
11) Apesar do momento atual de desordens e da falta de limites, é nosso dever cooperar na formação de uma geração disciplinada e que prime pela ordem e decência. O ponto de partida para tal é o ensino da Palavra do Senhor. E os instrumentos somos nós: “Criai-os na disciplina e admoestação do Senhor.” (Ef 6.4). Não vamos fugir dessa responsabilidade, ainda que os desafios sejam enormes para o seu cumprimento. Como diria um dos nossos missionários, ainda que estejamos na “contra-mão do sistema”.
12) O Senhor mostra, e também as experiências, que é preciso sempre semear a Palavra no coração das crianças: “Instrui o menino no caminho em que deve andar, e até quando envelhecer não se desviará dele.” (Pv 22.6). A germinação, os resultados e o crescimento ficam por conta do Senhor. Independentemente do futuro, façamos hoje a nossa parte. A certeza que fica é que sempre nos surpreenderemos com o agir do Senhor, com os resultados futuros e com os frutos do nosso trabalho com as crianças no presente.

Sabedores de todas essas verdades, não há como deixarmos de dar o nosso melhor pela educação cristã de nossas crianças. Só assim faremos diferença na vida dos pequenos.

Pr. Kleber Gomes

QUANDO OS PROBLEMAS PARECEM NÃO TER FIM


Pelo que se vê a vida está bem mais complicada para o homem moderno. A violência aumentou, as doenças têm se disseminado, muita gente doente física e emocionalmente, vários tipos de crises familiares, problemas com dinheiro. Parece que os apertos na vida e da vida fazem ser a moda da vez, no meio evangélico, o pedir, o bater, o buscar. O “reinvindicar” é pregado como uma resposta a dar às grandes lutas existenciais. Outras formas de expressão, vistos hoje em grande intensidade, são o chorar, o lamentar, o reclamar, o murmurar, o pecar, o irar-se.
Parece que o dia em que as lágrimas deverão ser enxugadas de uma vez por todas está longe de acontecer. Ou pior, para muitos, parece que esse dia nunca irá chegar. O vale da sombra da morte, o deserto, o gigante que não cai e que continua desafiando, o laço do passarinheiro. A morte sendo ainda uma realidade, o último inimigo a ser destruído por completo. E, por esse fato ainda não consumado, continua ela sendo o motivo de muita gente chorar, de tantos planos interrompidos, de sonhos não realizados. É tanta impaciência. É tanta confusão emocional. Realmente não são todas as situações pelas quais se passa facilmente. A lista seria extensa se todas as situações difíceis da vida fossem enumeradas uma por uma.
Apesar de tudo o quem tem ocorrido, e isso como consequência da limitação natural do ser humano e por conta da realidade destrutiva do pecado, existem grandes motivos para agradecer, confiar, ter esperança. É possível ainda orar dizendo que seja feita a vontade do Senhor (Mt 6.10; 26.42). Isso porque há uma esperança viva no coração de todo aquele que segue confiando irrestritamente no Pai Todo Poderoso que é Deus (1Pe 1.3). Este é o segredo para que você siga com seus horizontes sendo ampliados.
É preciso deixar a amargura, umas das consequências das duras derrotas por vezes sofridas. Deixar a amargura não é simplesmente ver o lado bom da vida. Bom mesmo é ter a vida na presença do Senhor, o que faz com que se compreenda sabiamente que a vida é feita de momentos bons e ruins. Altos e baixos acontecem. Afinal assim é a vida. Sabedoria para se viver se adquire no temor ao Senhor (Pv 9.10)
Agradeça ao Senhor por sua vida, por sua família, por sua saúde, por seus bens materiais. Mesmo que, nestas duas últimas áreas, você se encontre em dificuldades ou em grandes limitações. O cuidado de Deus em relação ao Seu povo é diferente. Supera expectativas. Surpreende. Agradeça pelo cuidado, pela proteção, pela orientação que vem do alto. Não importam as perdas do passado ou do presente. Os ganhos, na presença e na comunhão com o Pai serão, em termos de fé, infinitamente maiores e bem mais consideráveis. Mesmo que, perante os homens e segundo a sua lógica particular, querido leitor, as vitórias sejam de pouco ou de nenhum valor. Para você uma vitória tão pequena parece não ser motivo de agradecimento. Lembre-se da dracma e da ovelhinha, antes perdidas. Após serem encontradas imagine a alegria e a festa de quem tanto as procurou. Talvez hoje você nem desse valor a reconquista das mesmas, se porventura tivesse perdido-as e depois as reencontrasse. É assim mesmo. Infelizmente, há muito tempo, a nobre virtude da gratidão deixou de ser uma marca constante na vida do homem.
É preciso amar a Deus, para entender que tudo que vem à tona, tudo que passa a ser realidade, de fato coopera para o nosso bem. É na comunhão com o Senhor que se experimenta a seguinte verdade: a vontade do Senhor é boa, perfeita e agradável (Rm 12.2). Mesmo que ela permita perdas, mudanças inesperadas, despedidas, lágrimas. A melhor resposta para o espinho na carne é a graça do Senhor Jesus. Não importa se a vontade soberana de Deus seja a retirada ou a continuidade desse incômodo espinho. A graça do Senhor Jesus basta ao servo de Deus (2Co 12.9).
Sinta-se amado pelo maior poder do Universo. O amor de Cristo é além de todo entendimento, da razão, de qualquer lógica (Ef 3.19). Muitos já tentaram racionalizar o que o amor divino faz pelo ser humano. Ninguém conseguirá tal feito. Entende-se o amor do Pai por Seus filhos na experiência pessoal, na comunhão dos santos, por meio da vivência e pregação dos valores espirituais. Pode-se explicar a semente originária do fruto do Espírito, seu cultivo e a sua expressão. Mas a abrangência, o alcance, isso já foge à compreensão humana. Assim é o amor divino. Compare as coisas espirituais com as coisas espirituais (1Co 2.13)
Deus fala a quem O busca por meio da Sua Palavra. Por meio dela vêm à lembrança o mar e o rio que se abriram, as muralhas que ruíram, a terra prometida que foi alcançada, a caminhada no deserto que teve um fim, o gigante que para sempre caiu, as cinco mil pessoas que foram alimentadas a partir da multiplicação de pequeninos dois peixes e cinco pãezinhos. Deus lembra a você, servo dEle, que após todo aquela multidão ter sido alimentada, doze cestos cheios de lanche mostram a fartura que é o resultado da confiança e dependência do Senhor. Mesmo que o pouco seja de fato pouco. Apenas algumas das infindáveis intervenções e demonstrações de que Deus atende, auxilia e sempre vai além das expectativas humanas.
Para todos os envolvidos nos eventos vitoriosos do passado bíblico, a confiança sempre foi o elemento chave. A confiança que aumenta quando na obediência e na comunhão com o Senhor. A confiança que aumenta na oração que faz os pedidos por fé aumentada, por orar corretamente, pelo cumprimento da vontade divina, por ajuda na incredulidade. A confiança aumenta quando você ora entendendo que tudo é possível ao que crê, declarando a sua dependência de filho em relação ao Pai. A confiança aumenta quando a oração coloca o servo no lugar de servo e reconhece quem de fato é o Senhor (Sl 24.1).
Leia a Bíblia. Entenda o propósito de Deus para cada detalhe de sua vida. Receba o norte e a orientação do Senhor, em quaisquer situações pelas quais esteja passando. Ore. Todos os dias, simultaneamente, fazem parte da mesma realidade as bênçãos e os desafios. Com relação às vitórias o correto é agradecer. Com relação aos problemas o procedimento é transformá-los todos em motivos de oração. Melhore na saudável disciplina da oração.
Pela meditação nas Sagradas Escrituras distingue-se o possível e o impossível. No campo do que é possível, deve entrar em atividade o elemento humano com a ajuda e na dependência do Senhor. Havendo o impossível, o “Deus do Impossível” (Lc 1.37) age, realizando a Sua vontade, sendo honrado e glorificado. Ele vai além daquilo que se pede ou que se é pensado, planejado, no íntimo, no recôndito da alma (Ef 3.20). E Ele sempre realiza sua obra com abundância. O requisito para se notar: olhos da fé abertos pelo Senhor (2Re 6.17). Realidades espirituais só são percebidas e notadas com os olhos da fé. Isso sim de fato é a vida. Vida com abundância, vida completa, vida que vale a pena ser vivida (Jo 10.10). Essa promessa é verdadeira. O viver é Cristo. Seu coração está turbado, apertado? O começo de uma grande mudança, significativa e para melhor, é crer em Deus e também crer em Cristo (Jo 14.1). Para os incrédulos parece loucura (1Co 2.14). Para muitos é preciso ver para crer. Você é chamado para viver por fé e não por vista (2Co 4.18; 5.7). Viva por meio do que você crê. Lembre-se: você crê em Jesus. Nesse fato reside toda a diferença. Seja espiritual para discernir bem tudo (1Co 2.15)
Para o servo de Deus o viver é Cristo e o morrer é ganho, é lucro (Fp 1.21). Isso se chama confiança em Deus. Mesmo que sejam claros os sinais da limitação humana. Mesmo que se aproxime ou chegue o fim da existência terrena. Ainda que tudo isso aconteça, siga declarando: “Todavia eu me alegrarei no Senhor: exultarei no Deus da minha salvação. Jeová, o Senhor é minha força, e fará os meus pés como os das cervas, e me fará andar sobre as minhas alturas” (Hc 3.18,19).

Pr. Kleber Gomes

sexta-feira, 14 de janeiro de 2011

Educação dos filhos: um constante aprendizado


O tema é amplo, pois nos abre um enorme horizonte de ideias, debates e demais considerações. Assim nesta oportunidade me aterei a apenas cinco detalhes, diga-se de passagem, muito importantes, quando o assunto é a preocupação que todos nós temos com a educação dos nossos filhos.

1. Pais, vamos nos munir de bons materiais na educação dos nossos filhos
É o dia-a-dia que vai nos ensinando que ainda não sabemos de tudo. Temos muito que aprender. E mais, temos muito com o que aprender. São os bons livros, os bons vídeos e as boas programações na TV que acabam por nos aprimorar com suas ricas experiências trazidas para um consistente aprendizado.
Sabedores dessa possibilidade, atitude sábia é buscarmos esses recursos para um melhor aprendizado em como conduzir a nossa família. É a gama de recursos à nossa disposição que contribui em muito nos auxiliando na criação dos nossos filhos.
É muito importante separarmos em nosso orçamento um valor especial para sempre adquirirmos alguns desses materiais. Nesse sentido não gastamos, investimos sim em nossa família. Sem dizer que existem hoje muitos recursos gratuitos sobre o tema à nossa inteira disposição. Cursos, palestras, seminários que têm sido promovidos pelas igrejas, nos quais somente o tempo é exigido. Nesse caso muitas famílias e pais acabam não se envolvendo, pois muitos destes não querem investir tempo para tal. E quanta diferença faz quando investimos tempo em favor de benefícios e melhorias para a nossa família. Não perdemos com isso. Somente ganhamos. Deixamos de permanecer neutros com relação aos resultados.

2. Pais, vamos buscar ajuda externa
É uma atitude muito nobre quando os pais se rendem aos conselhos de gente mais experiente, que pode ajudar em muito nos primeiros cuidados a serem ministrados aos filhos.
Aqui precisamos evitar os extremos. O primeiro, de somente buscar o auxílio de fora na condução do lar. Nesse caso, não há esforço, não há dedicação, nenhum preço é pago pelo bem dos filhos. A educação dos filhos é transferida para o pastor, para o professor, para a babá, para os avós. O acompanhamento e a orientação somente são feitos por um psicólogo ou profissional da área. Enfim, papéis são invertidos e transferidos e muitos pais acabam por acompanhar de muito longe a formação integral de seus filhos. Precisamos fugir desse extremo.
Um outro extremo é o de somente confiarmos em nossas forças como pais. Passamos a não dar, de maneira alguma, margem à busca de um aconselhamento externo. Nesses casos é comum se ouvir: “A família é minha...”, “Eu é que sou o pai...”, “Aqui ninguém mete o dedo...”.
Penso que também por meio do equilíbrio entre fazermos a parte que a nós cabe como pais e a busca de auxílio externo conseguiremos resultados concretos na condução dos nossos filhos.

3. Pais, vamos aplicar a disciplinaAplicar a disciplina somente por aplicar, em cumprimento a uma tradição de família ou somente pelo fato de uma mal-criação do filho é um ato que pode produzir resultados desastrosos. É necessário aplicamos a disciplina e ao mesmo tempo ensinar os motivos dessa disciplina.
Pais que disciplinam os seus filhos seguem à risca o que o Senhor orienta por meio de Sua Palavra. A disciplina dentro de um lar é a segurança de que os limites sempre serão lembrados, considerados e por fim respeitados. Na maior parte das vezes, o que temos visto é a ausência da disciplina, da correção e das cobranças e não exatamente a falta de limites.
A correção e a disciplina devem acontecer na hora certa. É preciso fazermos uso desses expedientes baseado na razão. Se nesse ponto formos dominados pela emoção duas coisas podem ocorrer: os espancamentos criminosos à semelhança do que temos visto nos últimos dias através da mídia ou a negligência na aplicação da correta disciplina. Aqui destaco que a vara ainda tem o seu lugar em lares cristãos. Claro que de uma forma sábia e segundo a orientação do Senhor.
Não podemos perder de vista que somos seres racionais aplicando uma disciplina racional em seres racionais. Ignorar na prática esta verdade traz como resultados açoites e espancamentos, ambos criminosos.

4. Pais, façamos de nossos lares os melhores ambientes para se viver
É um dever pétreo proporcionarmos aos nossos filhos um lar equilibrado. Nesse lar paz, amor e unidade estão sempre presentes. As agressões físicas e verbais não existem. O perdão é praticado. Um ambiente assim constitui-se em um seguro formador de pessoas firmes e preparadas para a vida.
Fala-se muito em pessoas que foram violentadas pela vida. Penso que antes desse tipo de violência, e bem pior que isso, muitos, sim, foram machucados pela própria família nos primeiros anos de vida. É dessa forma que traumas, por vezes irreversíveis, surgiram devido a falta de subsídios básicos na formação do caráter e da personalidade de muitas pessoas.
Um lar onde o ambiente seja saudável contribui de uma forma quase completa para uma criação equilibrada e consistente de nossas crianças. Lutemos, pois, por lares nos quais todos os membros sejam respeitados e valorizados, nos quais também o diálogo seja sempre franco e aberto.

5. Pais, pratiquemos a educação cristã dentro de nossos lares Temos visto inúmeras famílias ensinando de tudo a seus filhos, com exceção das sagradas letras. Se todos soubessem dos enormes prejuízos que advêm da negligência do ensino bíblico, não iríamos mais ter notícias de lares onde o nome do Senhor ainda não é invocado. É no lar onde as crianças mais aprenderão sobre os princípios espirituais. Conceitos básicos como a salvação em Jesus, a oração e a autoridade da Palavra de Deus, uma vez aprendidos na primeira infância, aumentam as chances de adultos que jamais se desviarão do verdadeiro caminho em que se deve andar.
Jesus, Samuel e Timóteo são exemplos tirados da Bíblia de adultos formados e preparados para a vida a partir dos ricos ensinamentos que lhes foram passados em sua primeira infância. Por mais que estejamos hoje inseridos na era das informações no meio secular, nada tira o valor que é o de informarmos aos nossos filhos a respeito dos valores eternos contidos na Palavra do Senhor.


Uma palavra final
Falo como “pai de primeira viagem”, à semelhança do marinheiro em sua primeira navegação, o qual inevitavelmente enfrentará os enjôos, certos medos, pressões, erros e possíveis correções de rota. A responsabilidade aumenta quando tenho visto por todos os cantos a falência de várias instituições necessárias e válidas para o bom andamento da sociedade. No entanto, creio que, com respeito a família, esta jamais sofrerá o seu desfecho, apesar de todos os ataques contra ela hoje ocorridos.
Na prática realmente os dias são maus. Temos como famílias enfrentado ataques de todos os lados. O que é errado, na maior parte das vezes, é o que tem recebido louvor. Parece que na luta pelo bem dos nossos filhos e de nossas famílias o caso é perdido. Mas com a ajuda do Senhor podemos experimentar grandes vitórias nesse aspecto. E quanto mais formos bem assessorados por pessoas experientes no assunto e por materiais de qualidade, maiores recursos, maturidade e resultados obteremos pelo bem-estar de nossas famílias.
O tamanho de nossa visão com relação ao futuro de nossos filhos tem a ver com o correto investimento que neles fizermos no presente. E isso não importando o preço do investimento que tenhamos de realizar nesse sentido. Que o Senhor nos abençoe sempre no cumprimento desse importante papel que todos nós temos como pais.

Pr. Kleber Gomes

O peso de uma campanha missionária



Por onde andamos em nosso Brasil batista, sempre ouvimos algo a respeito de missões. Esse sem dúvida é o grande tema que corre em nossa veia denominacional. De norte a sul, de leste a oeste, missões faz parte do nosso DNA batista.
Tradicionalmente as campanhas missionárias se constituem nos momentos do ano em que, com maior ênfase, voltamos os olhares para a humanidade que ainda clama pela salvação em Cristo Jesus. É o tempo em que os batistas brasileiros se imbuem de ações práticas e criativas, no intuito de que um maior número de pessoas possível ouça do verdadeiro Evangelho.
As campanhas missionárias chegam em nosso meio como um verdadeiro agente motivador em direção ao mundo perdido que ainda tem se dobrado diante de qualquer altar. Assim, aproveitando o espaço, quero levá-lo a pensar sobre algumas verdades, tendo em mente o impacto que sempre nos traz uma campanha missionária.

O envio de nossas ofertas aos campos missionários Falar em ofertas não é pensar em enriquecer pessoas ou líderes religiosos, mas sim pensar em levarmos a verdadeira riqueza ao mundo tão carente do verdadeiro Evangelho. Muitos não falam mais em ofertas, tímidos que estão frente às muitas notícias negativas de pseudo-igrejas que se levantam por esse país enganando e explorando gente simples do nosso povo. Somos o povo batista que ama missões, que ama ofertar nas campanhas missionárias e que faz missões com muita dedicação e responsabilidade. Temos que levantar bem alto essa bandeira, tanto em nosso meio, como também na sociedade onde estamos inseridos. Sem nenhum medo ou desconfiança, juntamente com nossas famílias e igrejas, é necessário ofertarmos com muito amor e dedicação para que o mundo inteiro continue sendo evangelizado. Isso tudo tem como ponto de partida as campanhas missionárias.

O momento de dobrarmos os joelhos pelos missionários e por seus projetos de evangelização
Neste exato momento milhares de missionários estão nos mais variados campos missionários por todo o mundo. As suas necessidades são as mais variadas. São essas demandas que devem ser apresentadas ao Senhor, toda vez que estivermos em nossos momentos de oração. Cada um dos missionários e também os seus projetos devem ser apresentados em intercessão contínua. Há muitos efeitos na oração da igreja que, consciente do seu chamado, clama pelo avanço do Evangelho em cada parte do planeta. Adote uma família missionária e diariamente apresente-a diante do Senhor em seus momentos de oração. É assim que avançaremos muito mais nos resultados nos quais muito mais pessoas, de fato, conheçam Jesus como o único e verdadeiro Salvador.

O momento de dizermos sim ao chamado para o campo missionário Muitos de nossos missionários hoje nos campos surgiram em campanhas missionárias do passado. Nesse aspecto, creio também muito no poder impactante de cada campanha missionária que empreendemos, pois não só ofertas são levantadas e enviadas nesse período, como também muitos irmãos se colocam “na brecha” respondendo afirmativamente à convocação divina que sempre é feita em direção aos campos missionários.

Que cada um de nós, batistas brasileiros, faça o melhor pela evangelização de toda a humanidade. Na próxima vez que for iniciada uma nova campanha missionária, trabalhemos com muito afinco para que haja êxito no levantamento de ofertas, no despertamento para a intercessão missionária e no surgimento de novos vocacionados para os campos já brancos para a ceifa. Esse é o impacto positivo que toda campanha missionária sempre provocará em cada um de nós.

Pr. Kleber Gomes